quarta-feira, 23 de julho de 2008

Contador de Histórias

BubbleShare: Share photos - Find great Clip Art Images.


Quer momento mais instigante que ouvir uma boa historia? Ainda mais se essa história nos toca de tal maneira que não a esquecemos. Esse momento existiu e fomos contemplados pela visita do Senhor José Manoel, um português radicado no Brasil e que já viajou mundo afora e tem um monte de historias para contar.
Sr José Manoel é integrante do NETI (
Núcleo estudos da terceira idade) da UFSC e como voluntario conta histórias nas escolas públicas da grande Florianópolis.

Suas histórias são inspiradas, e até tiradas, das fábulas de Esopo e Ovidio e outras mais da literatura infantil. Aprensenta-as com gestos, brinquedos, fantoches, quadros e muitos outros materiais que dinamizam o seu discurso.
A visita aconteceu na escola Donicia Maria Costa e foram visitadas as cinco salas (Alfabetização e II segmento). Confiram as fotos acima. E abaixo, para os interessados, deixamos alguns links sobre "contação de historias":

Reportagem Revista Época sobre contadores de História em Hospitais
Contador de História
Casa do contador de história
ONG VIVE e DEIXE VIVER

Vejamos uma parábola contada (claro que em versão mais simplificada) por Seu Manoel:

Um homem morre e deixa para seus três filhos uma herança de 17 camelos, com a condição de que eles os repartam da seguinte forma:
para o filho mais velho a metade dos seus camelos;
para o do meio, um terço;
e, uma nona parte para o filho mais novo.
Os três filhos começaram a negociar, mas não conseguiam entrar em acordo. Como dividir os 17 camelos conforme as regras que impunham à herança, sem cortar nenhum animal ao meio? E para que servia um camelo morto e despedaçado?

A discussão começou a ficar séria e a relação se tornou difícil. Desesperados os irmãos recorreram à ajuda de uma sábia anciã. Após pensar durante um tempo, a anciã fez uma proposta.

A anciã não chegou diretamente à solução, mas como podia se concentrar no problema, afastando-se das posições, conseguiu compreendê-lo e oferecer um recurso para que os irmãos pensassem juntos. A anciã ofereceu um camelo de sua propriedade e os incentivou a achar uma solução. Com 18 camelos para repartir, a solução foi a seguinte:
o filho mais velho levou a metade: 9 camelos;
o filho do meio, um terço: 6 camelos;
e o filho mais novo, a nona parte: 2 camelos.
Então, sobrou um camelo, e eles o devolveram à anciã.
A partir desta história foram tiradas três conclusões:
1) Muitas negociações se parecem com a situação da atividade anterior. Se os irmãos se limitassem à opção de ter 17 camelos não teriam conseguido seguir as regras estabelecidas pelo pai.

A proposta implicou em encontrar o camelo nº 18.
2) Sobre toda mesa de negociação, os camelos representam o ganho que cada um pode obter caso se chegue a uma meta comum.

Sem dúvida, muitas vezes, abandona-se a negociação deixando todos os acordos que não são exatamente adequados (nota: não está perfeitamente explicitado o que isto quer dizer).

3) Para alcançar uma meta conjunta é necessário reunir-se e buscar idéias criativas.
Inventar e criar opções.
Analisei esta história e tirei conclusões radicalmente distintas:
O pai não sabia matemática;
Os filhos eram estúpidos;
As conclusões da história são superficiais, piegas e enganosas, ignorando questões básicas de negociação.
Vejamos por que:

1) Este pai não entendia de matemática, posto que 1/2 + 1/3 + 1/9 não dá 1 inteiro (ou seja, o total de camelos) e sim 17/18. Se dividirmos os 17 camelos, obedecendo literalmente a regra estabelecida pelo pai, vamos encontrar: 8,5 camelos para o mais velho; 5,66 para o do meio e 1,89 para o mais novo, o que dá um total de 16,05 camelos. Portanto, há uma sobra de 0,95 camelos.

2) Os filhos eram estúpidos, pois além de não perceberem o equívoco matemático cometido pelo pai, tentavam encontrar uma solução sem se aprofundarem no problema que precisavam resolver. Não foram capazes de pensar e ignoraram um princípio fundamental de negociação: primeiro compreenda e só então procure e encontre a solução. Se tivessem feito isto, teriam reformulado o problema. Agora a questão não era mais como dividir 17 camelos, obedecendo à regra estabelecida pelo pai, mas sim, o 0,95 de camelo restante, de tal modo que cada um recebesse um número inteiro de camelos.

Com esta reformulação, teriam constatado que, obedecendo rigorosamente à regra estabelecida pelo pai, o problema não tinha solução. Portanto, eles teriam de fazer algum tipo de ajustamento, ou negociação e, chegariam facilmente à conclusão de que os únicos números que resolveriam a questão eram: 0,5 para o mais velho, 0,34 para o segundo e 0,11 para o mais novo. Assim, o mais velho receberia 9 camelos o segundo 6 e o terceiro 2, divisão que importa em pequena modificação da regra estabelecida pelo pai.

Ler mais



Espero que tenham gostado dessa novidade e sugerimos um HNP sobre o filme FORREST GUMP - O contador de Histórias.



Abraços

2 comentários:

  1. Este site é muito interessante, através deste é possível ter a certeza que ainda temos pessoas que se importam com a educação.
    Parabéns a todos os profissionais que fazem parte deste maravilhoso trabalho feito em Florianopólis.

    ResponderExcluir
  2. Olá Sandra,
    Obrigada pelo comentario. Esperamos que continues nos visitando. Procuremos postar muitas outras novidades.
    Abraços de toda a equipe!

    ResponderExcluir